Resumo
As experiências no campo da saúde com relação ao uso de dispositivos artísticos e suas diversas manifestações têm trazido importantes contribuições. Os Grupos de Artes do SESI¹/RS atuam por meio das mais variadas modalidades como violão, técnica vocal, teatro e arteterapia junto aos trabalhadores da indústria, seus dependentes e comunidade em geral, no intuito de melhorar a sua saúde através do fortalecimento de laços sociais. A presente pesquisa teve por objetivo analisar a efetividade das ações de arte no que diz respeito à promoção da saúde e qualidade de vida no contexto da indústria. Foi através da metodologia de pesquisa de estudo de caso, utilizando método de pesquisa de caráter qualitativa e quantitativa, que foram aplicados questionários estruturados. A aplicação dos questionários foi realizada em dois momentos e participaram desta entrevista 07 (sete) turmas da região de Caxias do Sul. A partir das análises dos resultados pode se concluir que os Grupos de Artes do SESI oportunizam a melhora da saúde, bem estar e qualidade de vida, contribuindo para uma sociedade mais justa e feliz, causando um impacto significativo na vida dos participantes, inclusive no âmbito profissional.
Introdução
Os Grupos de Artes do SESI atuam por meio de linguagens artísticas com os trabalhadores da indústria e seus dependentes, e também com a comunidade em geral. O foco da ação do SESI é proporcionar vivencias artísticas significativas, por meio do ensino informal de arte, visto que não pretende diplomar artistas, mas sim contribuir para a saúde dos participantes, promovendo a melhoria da qualidade de vida.
O Conselho de Artes da Inglaterra lançou há pouco tempo um documento enumerando as vantagens de incentivar atividades culturais para a sociedade como um todo. Um capítulo que recebeu muito destaque está voltado ao bem estar. Segundo o artigo, pessoas que comparecem a pelo menos um evento artístico por ano têm probabilidade de quase 60% maior de afirmar que são saudáveis em comparação com quem não frequenta museus, teatros e shows musicais. O artigo² também expõe a ideia de que o simples ato de apreciar a arte já diminui a produção de substâncias estressoras, que podem contribuir para uma série de complicações.
E se, além de observar manifestações artísticas, o indivíduo também desenvolvê-las, provavelmente esses efeitos serão ainda mais intensos.
A arte transmite e expressa ideias e emoções, além disso, podem-se perceber nos Grupos de Artes os benefícios que a arte traz para a saúde, bem estar e qualidade de vida do ser humano. Existem alguns estudos que relatam que, por meio do criar em arte e do refletir sobre os trabalhos artísticos, as pessoas podem ampliar o seu conhecimento de si e dos outros, aumentando a sua autoestima, lidando melhor com sentimentos como raiva, tristeza, estresse e desenvolver a partir de então, recursos físicos, cognitivos e emocionais conforme REIS(1994). A exploração dos conteúdos artísticos pode ser um recurso valioso para qualquer profissional.
No decorrer de alguns anos como instrutores de arte e responsáveis pelos Grupos de Artes, muitos foram os relatos que recebemos. No final de 2017 tivemos a oportunidade de registrar alguns desses depoimentos, onde os trabalhadores relataram como suas vidas melhoraram com as vivencias nos Grupos de Artes.
Diante destas percepções como instrutores, propomos a realização de um questionário de avaliação para os Grupos de Artes, o qual teve por objetivo, analisar a efetividade das ações de arte no que diz respeito à promoção da saúde e qualidade de vida no contexto da indústria. Os resultados nos propiciaram segurança para desenvolver este trabalho e concluir que: Laços sociais – Como as amizades em grupos de artes podem melhorar a qualidade de vida dos industriários.
Grupos como um dispositivo de bem estar
Todos nós estamos sempre, de alguma forma, participando de um grupo de interesses comuns, seja ele escolar, de trabalho, religioso, comunitário, político, entre outros que influenciam a nossa forma de ser, atuar e participar na vida social.
Participar de um grupo traz a certeza de não se estar só, traz o sentimento de se sentir integrado, pois se percebe que existem outras pessoas que compartilham dos mesmos interesses. A participação nestes grupos favorece o aumento da autoconfiança, da autoestima e da segurança, fatores importantes para o bem estar emocional. A autoestima é um fator de vital importância para o ser humano.
Os Grupos de Artes do SESI/RS atuam por meio das mais variadas modalidades como: arteterapia, teatro, técnica vocal e violão junto aos trabalhadores da indústria, seus dependentes e comunidade em geral, no intuito de melhorar a sua saúde através do fortalecimento de laços sociais, protagonismo, autonomia e processos cognitivos.
Sabe-se que muitos industriários não tiveram e não têm a oportunidade de participarem de atividades artísticas que envolvam, dança, música, teatro e artes visuais. No entanto, são bombardeados diariamente pela linguagem artística que é veiculada pelas mídias. Portanto, entende-se ser importante que o trabalhador, que ele possa ter acesso a estas linguagens, para usufruir de uma vida mais plena, formulando seus próprios conceitos sobre o universo da arte. As atividades artísticas do SESI ocorrem sempre em grupos, os quais são divididos pelas afinidades.
O termo Grupo é de origem alemã e significava cacho, molho, pilha, saco... Palavras que sugerem um conjunto de coisas ou de pessoas, nada mais do que isso (Adair, 1988). Todavia para Arrow, McGrath e Berdahl (2000) os grupos focam a sua atenção nas relações entre as pessoas, instrumentos e tarefas, ativadas por uma combinação de objetivos individuais e coletivos, que mudam e evoluem ao longo do tempo, à medida que o grupo interage.
Portanto, segundo Martin-Barô (1989), grupos se caracterizam por uma estrutura de vínculos e relações entre pessoas que canaliza em cada circunstância suas necessidades individuais e/ou interesses coletivos, ou seja, é qualificado como grupo quando ocorre uma interação entre dois ou mais indivíduos, com um ou mais objetivos em comum pré-estabelecidos por todos os integrantes de tal grupo, podendo este ser formal ou informal.
Hoje em dia não restam dúvidas que desde os tempos mais remotos, a vida em sociedade é própria da natureza humana (Câmara,1997), sendo impossível compreender o comportamento humano sem considerar o papel que os grupos têm na vida das pessoas (Levine & Moreland, 2006).
Johson e Johnson (1975) asseguram que os grupos têm uma importância incalculável na vida de todos os seres humanos, precisando nós, em todos os momentos da nossa vida, de pertencer a alguns grupos. Neste sentido, Brown “Humans beings are group beings (2000, p. XV) mencionam que: as pessoas vivem em grupos, trabalham em grupos e divertem-se em grupos, assim, bastariam apenas alguns minutos para nos lembrarmos de muitos exemplos que demonstram o papel central dos grupos nas nossas vidas. (Wheelan, 1994).
Os grupos são extremamente importantes para a nossa formação como cidadãos. É através dos grupos que criamos vínculos com as pessoas, assim fortalecendo os sentimentos de amizades e construindo laços sociais.
Laços Sociais e sua Relação com os Grupos
O laço social é uma conexão entre as pessoas, que se forma através de interações. Os laços se constituem quando se tem uma afinidade, uma relação específica, uma proximidade, contato frequente ou suporte emocional. Para Goffman (1975) o laço social também poderia ser formado através de uma associação, por uma ligação entre o indivíduo e uma instituição ou grupo.
Os grupos são compostos por diversos tipos de laços, tais como laços de amizade e laços de trabalho. Os grupos podem diferir ainda quanto à intensidade e dependem da quantidade de tempo que estão se relacionando, de sua intensidade emocional, da intimidade dos seus laços. Quanto à intensidade, os laços podem ser fortes ou fracos. Granovetter (1973) defende a importância do laço fraco. Por laços fracos, ele entende alguém com quem a pessoa é familiar, mas que circula em diferentes meios, onde as relações são mais dispersas; por laços fortes, ele entende um amigo íntimo que está conectado a várias pessoas com que você também se relaciona.
Os laços também podem depender da reciprocidade nas reações entre as pessoas. Assim sendo, existem laços assimétricos , que se formam quando uma das pessoas se sente próximo da outra, mas este não se sente da mesma relação quanto ao primeiro, o que resulta em forças de interação diferente nos dois sentidos. E quando a interação possui a mesma força em ambos os sentidos, temos um laço simétrico.
Outra classificação possível é a de laços multiplexos, que ocorrem quando uma relação é constituída de interações em diversos tipos de ambiente. Por exemplo, um estudante que interage com seus colegas na escola ou universidade, mas também em ambientes de lazer ou em sua residência. Quanto mais variados e multiplexos são os laços entre as mesmas pessoas, mais forte ele são.
Para Breiger (1974) os laços sociais, dependendo do tipo de interação que se cria, podem ser dos seguintes tipos: Laços relacionais: formados através de relações sociais, ocorrendo pela interação entre várias pessoas de uma rede social. Laços associativos: não dependem da relação entre as pessoas da rede, mas de um sentimento de pertencimento a determinado local, instituição ou grupo.
Wasserman e Faust (1994) a classificação é um pouco diferente, podendo os laços sociais ser considerados como: Laço associativo: formado pela conexão entre um indivíduo e uma instituição ou grupo, resultando em um sentimento de pertencimento. São constituídos de interações sociais reativas. Laço dialógico : formados através da interação social mútua entre os usuários, ou Laços relacionais : todo laço social seria entendido como relacional, já que todos eles são formados por uma interação, seja ela reativa, na qual há um processo de associação a uma ideia ou objeto, ou mútua, na qual ocorre troca de informações entre os participantes.
Nos Grupos de Artes do SESI a cada ano os laços sociais são mais fortes, estes laços se solidificam podendo levar os participantes para além de colegas se tornarem amigos, e esse fato proporciona uma melhoraria significativa da qualidade de vida dos participantes.
Qualidade de vida e bem-estar
Há algum tempo que qualidade de vida é um tema que vem tendo um crescente interesse e sendo abordado em vários contextos. Embora ainda não exista um consenso sobre o conceito, a certa unanimidade que considera a medida qualidade de vida em saúde como um desfecho importantíssimo.
Existem muitos significados associados ao conceito de qualidade de vida. Na medicina, por exemplo, na maioria das vezes, qualidade de vida está associada à relação custo/beneficio inerentes à manutenção da vida ou à capacidade de funcionamento dos doentes. Na psicologia social, a referência mais forte é a experiência subjetiva de qualidade de vida, representada pelo conceito de satisfação (Neri, 2000).
Após muitos estudos, a qualidade de vida começou a ser usada como um fator importante nas avaliações de resultados em tratamentos, em intervenções terapêuticas, assim como em enfoques populacionais e não individuais. Nas pesquisas sociais e de saúde, a qualidade de vida vem sendo definida por fatores objetivos e subjetivos que contribuem para o bem-estar e para o atendimento das necessidades humanas. Estes estudos têm por premissa básica que a qualidade de vida do doente metal é um reflexo da assistência que ele recebe e por isso este tema deve ser incluído na avaliação e no planejamento da assistência. (GALERA, S.A.F.; TEIXEIRA, M.B. 1997).
Na conceituação recente adotada pelo Grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde (Grupo WHOQOL, 1995), a qualidade de vida foi definida como a percepção do individuo sobre sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e percepções. Ainda segundo esse grupo, o conceito de qualidade de vida envolve três aspectos essenciais: a subjetividade, a multidimensionalidade e a presença de dimensões positivas e negativas. A OMS propõe que a QV é multifatorial, referendando-se a partir das seguintes dimensões: (1) saúde física, (2) saúde psicológica, (3) nível de independência (em aspectos de mobilidade, atividades diárias, dependência de medicamentos e cuidados médicos e capacidade laboral), (4) relações social e meio ambiente. (SOUZA, CARVALHO, 2003).
Qualidade de vida é um conceito ligado ao desenvolvimento humano, que não significa que o individuo ou grupo social tenha saúde física e metal, e sim que esteja bem consigo mesmo, com as pessoas que o cercam e com a sua vida. Philippini (2004) escreve sobre a OMS (Organização Mundial de Saúde) e descreve que qualidade de vida é muito mais do que ter boa saúde, é um conjunto de qualidades, de determinados fatores que alteram nossa condição de vida, entre eles: a educação, a saúde, o bem-estar físico, psicológico, mental e emocional, bem como nossas relações com a família, amigos, trabalho, sociedade e outras circunstâncias possíveis.
Portanto, qualidade de vida envolve fatores relacionados com saúde, tais como, o bem-estar físico e psicológico, emocional e mental, como a família, amigos, emprego ou outras circunstâncias da vida. Devendo-se levar sempre em consideração que a definição de qualidade de vida variará em razão das diferenças individuais, sociais e culturais de cada indivíduo.
Definitivamente qualidade de vida tem relação direta com a superação de desafios e a capacidade de realização do ser humano, pois partindo do pressuposto que o indivíduo não vai conseguir tudo que almeja, mas poderá conquistar muito, dependendo do seu esforço, trazendo assim um bem-estar e autoconfiança.
Encontramos em um artigo “Sistema de Bem-Estar da Escandinávia” a definição de princípios subjacentes para indicadores sociais, baseados em 03 verbos considerados básicos à vida humana - ter, amar, ser que explicitamos a seguir (NUSSBAUM & SEN, apud HERCULANO, 2000, p.7):
Ter refere-se às condições materiais necessárias a uma sobrevivência livre da miséria: recursos econômicos; condições de habitação; emprego; condições físicas de trabalho; saúde; educação.
Amar diz respeito à necessidade de se relacionar a outras pessoas e formar identidades sociais: união e contatos com a comunidade local.
Ser refere-se à necessidade de integração com a sociedade e de harmonização com a natureza, a serem mensuradas com base nos seguintes princípios: em que medida uma pessoa participa nas decisões e atividades coletivas que influenciam sua vida; atividades políticas; oportunidades de tempo de lazer; oportunidades para uma vida profissional significativa; oportunidade de estar em contato com a natureza, em atividades lúdicas ou contemplativas.
Observando os três verbos, citados acima, percebemos que a qualidade de vida está ligada ao conceito de bem estar do individuo para que esse possa estar realizando suas potencialidades e obtendo capacidade efetiva de satisfazer suas necessidades.
Para garantir uma boa qualidade de vida, deve-se ter hábitos saudáveis, cuidar bem do seu corpo, ter tempo para lazer e vários outros hábitos que levem o indivíduo a se sentir bem consigo mesmo, assim como, ter emoções positivas, conquistas memoráveis, momentos inesquecíveis, que sejam passiveis da realidade de cada ser. Portanto, qualidade de vida é um termo amplo que concentra as condições que são fornecidas ou mesmo criadas pelo próprio individuo para viver como ele pretende, favorecendo a autonomia.
Metodologia
Durante esse trabalho a metodologia utilizada foi a de pesquisa de estudo de caso, utilizando método de pesquisa de caráter qualitativo e quantitativo. A metodologia de estudo de caso que representa a estratégia preferida quando colocamos questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. Fachin (2001; p.42) informa que:
O estudo de caso é um método que se caracteriza por constituir-se de estudo intensivo, levando em consideração, principalmente a compreensão como um todo do assunto a ser investigado. Nesse método todos os aspectos do caso são investigados, evidenciando relações que de outra forma não seriam descobertas.( Fachin 2001; p.42)
A pesquisa qualitativa, por sua vez, não generaliza os fenômenos estudados, porém questiona e põe em dúvida alguns valores. Assim, oferece meios para que o pesquisador obtenha uma maior compreensão dessas questões. Conforme Cauduro (2004, p. 20), a pesquisa qualitativa:
[...] é definida por aquela que procura explorar a fundo conceitos, atitudes, comportamentos, opiniões e atributos do universo pesquisado, avaliando aspectos emocionais, implícitos nas opiniões dos sujeitos da pesquisa, utilizando entrevistas individuais técnicas de discussão em grupo, observações e estudo documental. É envolve elementos subjetivos. (CAUDURO, 2004, p. 20).
Minayo (2000, p. 22) destaca: “A abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas”.
Como esse trabalho além dos relatos ele também consta um questionário e gráficos das respostas dos participantes, ele também se caracteriza por ser uma pesquisa quantitativa que segundo Knechtel (2014, p.93):
Nesse tipo de pesquisa, você fará uma investigação que tem por base a quantificação dos dados e buscará medir opiniões e informações utilizando os recursos da estatística, como a porcentagem, a média, o desvio-padrão. Os dados que você analisará, os dados quantitativos, são valores observados de um conjunto de variáveis, que podem representar alguns elementos ou todos os elementos, por exemplo, de uma sociedade, de uma determinada população. Tais dados serão apresentados em forma de tabelas, gráficos ou textos (KNECHTEL, 2014, p. 93).
Consideramos ser essa metodologia a mais indicada para aprofundar os estudos sobre Laços Sociais – como as amizades em grupos de artes podem melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, também levando em conta que a dinâmica dessa técnica de pesquisa escolhida permite-nos obter um resultado específico a respeito de algo que acontece ou que já aconteceu.
Contextualização dos participantes
Os Grupos de Artes do SESI atuam dentro da linguagem artística e tem como público alvo os trabalhadores da indústria e seus dependentes, também atuando com a comunidade em geral.
Nosso cenário de empresas e alunos reforça iniciativas inclusivas aonde, temos participantes de diferentes idades, gêneros, classe social e escolaridade. Para sermos assertivos ao buscar respostas numa pesquisa, é necessário considerar toda população que dela vai participar, minimizando possível viés de resultados, nem descriminações.
As indústrias da região de Caxias do Sul e os alunos que participam dos Grupos de Artes nos revelam esta realidade e a nossa preocupação foi desenvolver uma pesquisa que seja aplicada efetivamente para todos participantes dos Grupos de Artes, assim como, torná-los parte integrante do processo de desenvolvimento e aprimoramento destas iniciativas.
As atividades dos Grupos de Artes acontecem uma vez por semana, com duração de 1h15min. Essas atividades normalmente iniciam-se entre os meses de Fevereiro e Março e finalizam entre os meses de Novembro e Dezembro.
Participaram desta pesquisa sete turmas da região de Caxias do Sul. A pesquisa foi aplicada em dois momentos, em Abril de 2018 e Novembro de 2018. Em Abril responderam ao questionário 53 pessoas e em Novembro responderam 31 pessoas. Foram aplicados questionários estruturados, com 06 (seis) perguntas objetivas e 02 (duas) abertas.
Sistemática de aplicação:
A aplicação deste questionário estará dividida em três momentos:
Sensibilização dos instrutores aos seus alunos para que demonstrem que além de habilidades técnicas, muitos outros ganhos eles terão ao participar dos Grupos de Artes. Falar das expectativas desta participação. Cada instrutor criará sua própria forma de trabalho para falar sobre as expectativas e de que forma estas poderão ficar acessíveis durante todo período.
Aplicação do questionário na terceira aula (para dar tempo de alunos e instrutores se conhecerem).
Reaplicar o questionário ao final do ano para controle do SESI e inclusão de outras perguntas de cunho mais técnico artístico (se acharem necessário).
OBS.: Ao conhecer as expectativas de seus alunos, no decorrer do ano/semestre, os instrutores poderão tornar a aprendizagem mais assertiva e significativa.
Modelo de questionário proposto:
Modelo I
Este modelo foi desenvolvido para ser aplicado no inicio do semestre/ano, tendo em vista que o participante não teve ainda muito acesso às atividades.
Modelo II
Este modelo foi desenvolvido para ser aplicado no final do semestre/ano, para que assim possamos ter dados relevantes para uma comprovação quantitativa dos benefícios que os Grupos de Artes trazem para o participante.
Neste modelo final, cada instrutor poderá acrescentar mais alguns questionamentos que acha pertinente para a sua área e baseados também nas expectativas relatadas na aplicação do primeiro questionário, assim tornando essa pesquisa muito mais significativa.
Resultados da pesquisa
Na sequência pode-se verificar através dos gráficos e das justificativas os resultados adquiridos através desta pesquisa.
O primeiro gráfico é referente à primeira aplicação da entrevista e o segundo gráfico, refere-se à segunda aplicação do questionário.
Primeiro gráfico
Abril de 2018.
Segundo gráfico
Novembro de 2018
A primeira pergunta do questionário era: “Você acredita que participar dos Grupos de Artes vai melhorar a sua qualidade de vida? Justifique.”. E as justificativas foram:
O fato de me encontrar com amigos, cantar e ter a oportunidade de participar de ventos e fazer parte desses momentos melhora muito minha qualidade de vida, diminui o stress e talvez o desânimo.
Sim, pelo estreitamento das amizades, pelos encontros de terça, pelas comemorações em grupo, pelas apresentações em encontros de coros, por encontrar amigos em todos os eventos externos que participamos.
Me auxiliou a ser uma pessoa mais comunicativa, que expressa melhor as informações ao outro, principalmente em situações em público ou no trabalho.
Mais disposta, mais feliz! Trabalhou muito a minha respiração e bem estar.
Percebi que consigo manter meu autocontrole em situações de limites, porque quando vou ao grupo me recarrego de felicidade.
Com certeza, pois possibilita que a gente aplique certas técnicas, aprendidas em aula, no nosso dia a dia, como respiração, interação e até os assuntos discutidos no grupo são diferentes.
Eu tenho asma, meus ataques melhoraram e agora eu tenho bastante folego.
A convivência com outros colegas estreitou nossas relações, transformando os em amigos. As aulas proporcionam muito bem estar que reflete nas atitudes e ações do dia a dia.
Sim. Com relação as programações de lazer aos finais de semana e também na relação familiar e com os colegas do grupo.
Muito bom desenvolver um trabalho em grupo.
Melhorou a minha fala, minha respiração, desinibição e estou tomando mais água.
Após as aulas os sentimentos de alegria ficam no rosto e no sorriso, leveza, autoestima, além que cantar alegra a alma.
Noto em mim mais leveza, me sinto mais tranquilo na busca que iniciei.
Melhorei a respiração e também a timidez.
Motiva o meu convívio com os meus amigos.
A respiração melhorou assim como a concentração e a segurança, por que sou envergonhada e com a música me sinto mais a vontade para falar com mais pessoas reunidas.
Participando do grupo desperta alegria e realização.
É uma terapia, bom para socializar e se distrair.
Me identifico melhor e me expresso melhor.
Relaxamento. Melhorou a dicção e desinibição para contato com o público. Muitas dicas para cuidar da saúde vocal e respiração
Sim, pois isso faz com que eu aprenda mais coisas e me deixa feliz.
Sim, minha vida mudou completamente, comecei passar mais tempo com minha família, dar mais atenção pro meu filho. Sinto falta quando não tem. Professores profissionais que sabem ensinar, muito bom mesmo.
A atividade de técnica vocal ajudou na minha saúde.
Estava precisando de uma ocupação e estou muito melhor. Pretendo continuar.
Melhorou porque ocupa a mente com coisas novas. Conheço pessoas que não conhecia e a gente se torna amigos.
Participando de algumas atividades estimula a memória, novas amizades e novos conhecimentos, aumentando a nossa autoestima. Muito importante para envelhecer com qualidade.
Depois que comecei a aprender a tocar violão com o professor Geraldo, não me estresso mais como me estressava antigamente.
O "aprender" é uma constante. Apesar do pouco tempo de dedicação, da minha parte, tenho atingido as minhas expectativas.
A última pergunta era dissertativa. A pergunta era: “Você lembra das suas expectativas relatadas no inicio do ano? Você conseguiu atingi-las? As respostas foram:
Não lembro exatamente o que relatei, mas sempre me sentia constrangida de falar em grupos ou me apresentar diante de outras pessoas e notei que me sinto mais segura, mais a vontade nessas situações.
Não lembro do que escrevi, minhas expectativas estão atendidas pela satisfação em vir a aula. Hoje está frio e com chuva e mesmo assim não se perde o encontro. A professora Dâmaris é muito esforçada e vai desenvolvendo nossas aptidões para que nos sintamos seguros em eventos externos onde participamos. Sou grata pelo grupo de artes! É muito fazer parte e tenho orgulho de ser desta equipe.
Sim, identifiquei que ao longo do ano oportunidades surgiram e que agregaram mais experiências atingindo as expectativas.
Não lembro exatamente, mas acredito que sim. Só sei que gosto muito de participar das aulas e me sinto bem motivada para participar dos encontros.
Expectativas de manter o compromisso assumindo com o grupo, foi conseguido. Expectativa de participar de apresentações também foi conseguido.
Não lembro exatamente o que, mas tenho certeza que ouve progresso.
Umas das minhas expectativas era conseguir superar o meu medo de me apresentar em público e consegui supera-lo.
Sim. Trabalhar melhor a voz, conhecer novas músicas, fazer exercícios respiratórios, coreografias etc..
Eu acredito que há um progresso e que em relação as primeiras atividades, melhorou muito.
Sim. Saio daqui melhor e mais disposta do que quando cheguei.
Sim em parte.
Minhas expectativas eram a afinação e me encontrar dentro de uma música e estou alcançando aos poucos.
As expectativas são sempre as melhores.
Sim, creio que minhas expectativas estão bem encaminhadas.
Algumas, respiração, timidez e expressão corporal.
A maior parte delas sim.
A concentração, o ritmo e o tom de voz melhoraram bastante.
Sim.
Sim, mas tenho várias para atingir.
Consegui.
Atingi minhas expectativas e foram superadas. Nossa profe sempre nos motiva a progredir, sempre respeitando o limite de cada um.
Sim, eu consegui atingir minhas expectativas.
Minha vida mudou pra melhor depois que vim pro SESI.
Sim superou minhas expectativas.
Sim
Consegui, foi muito produtivo.
Acredito que sim. Tive progresso.
Estou realizando um grande sonho, pretendo continuar com o curso para atingir meus objetivos. Não cheguei ainda a aprender como pretendo, mas vou chegar lá.
Sim, consegui atingir minhas expectativas.
Sim
Acredito que 80% das minhas expectativas foram atingidas. "Posso mais" e vou correr para atingir os 100%
Conclusão
A partir da análise dos resultados é possível concluir que 100% dos participantes dos grupos de arte percebem uma melhoria significativa nas suas qualidades de vida. O Objetivo das ações do SESI é proporcionar vivencias artísticas significativas que venham a contribuir para a saúde do trabalhador e seus dependentes, promovendo a melhoria da qualidade de vida, sendo assim, notificamos que os nossos objetivos com os Grupos de Artes do SESI foram alcançados através desta pesquisa.
Concluiu-se que 93,5% percebeu que ao participar dos grupos tem uma melhoria no seu convívio social, convívio esse que relacionamos aos familiares, amigos e local de trabalho.
Ressaltamos que a pergunta 3 (Você se sente motivado para participar dos Grupos de Artes?) quando os participantes foram questionados no inicio do ano, 96,2% se sentiam motivados. Já na segunda aplicação que ocorreu no final das atividades, houve um decréscimo aonde 93,5% dos participantes responderam estar motivados para participarem dos Grupos de Artes. Tendo em vista que a segunda aplicação foi realizada no final do ano, acredita-se que no início do ano as pessoas estão mais descansadas e se sentem mais motivadas para novos desafios. Embora essa queda não tenha sido tão significativa, é um indicador para que possamos estar alertas no decorrer do ano a diferentes questões que podem estar influenciando na motivação e continuidade dos participantes.
Quando falamos em disposição e tranquilidade após as atividades; 96,8% dos participantes relatar sentir essa diferença no seu dia a dia e na sua semana. Um dos pontos mais importantes desta pesquisa, além da qualidade de vida é trazer um beneficio ao dia a dia dos participantes e quando 90,3% deles respondem que conseguem expressar melhor suas ideias após terem participado dos grupos, nos mostra que diante dessas questões estamos no caminho certo.
A missão do SESI é promover a qualidade de vida do trabalhador e de seus dependentes, com foco na educação, saúde, lazer e estimular a gestão socialmente responsável da empresa industrial. É muito gratificante saber que 77,4% percebem um impacto positivo na sua produtividade e disposição para o trabalho. Assim estando de acordo com a visão do SESI em ser o melhor provedor em soluções sociais, adequadas às necessidades da indústria do RS.
Como forma de continuidade sugerimos que essa pesquisa seja aplicada e ampliada para todo o estado, pois assim teremos alguns indicadores importantes para podermos fortalecer os grupos de artes tanto nas unidades quanto dentro das empresas.
A expectativa inicial já era muito grande e diante desta pesquisa concluímos que os Grupos de Artes do SESI tem uma grande importância na transformação do dia a dia dos seus participantes, causando um impacto muito significativo na sua qualidade de vida.
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