Introdução
A ergonomia é uma área que causa impacto positivo na qualidade de vida dentro das organizações que vivem em uma busca constante pelo equilibrio entre bem estar e produtividade. Organizações privadas e públicas têm buscado melhorar as condições na relação homem-máquina, a fim de minimizar os adoecimentos e afastamentos laborais.
Vidal (2000) argumenta que a ergonomia é uma atitute que muda o contexto laboral objetivando adequar as atividades com segurança e conforto. Gouvea (2012), por sua vez, enfatiza que além de propiciar melhorias significativas no bem-estar das equipes, contribui para o aprimoramento do desempenho das organizações. Essas contribuições são possíveis desde que as organizações definam em suas estratégias os objetivos que se desejam alcançar e se planejem nesse sentido, tendo em vista que um projeto de intervenção em ergonomia possue um amplo campo de atuação e deve envolver uma equipe multidisciplinar de prodissionais, tais como fisioterapeutas, engenheiros, médicos, psicologos e outros que contribuam para os resulados satisfatórios da ação.
Os programas de Ergonomia nas intituições possibilitam o planejamento das ações a serem executadas, bem como, apresentam parâmetros técnicos e legais para elaboração da Análise Ergonômica no Trabalho (AET), para promover transformações e melhorias nas atividades laborais tendo em vista as ocorrências de afastamentos médicos e queixas dos colaboradores das atividades. O processo de implantação do Programa de Ergonomia precisa ocorrer de modo constante e dinâmico, englobando a ergonomia física, cognitiva e organizacional.
A Justiça Federal do Rio Grande do Norte (JFRN) buscou a realização de um Programa de Ergonomia para promoção da qualidade de vida dos servidores e especialmente para identificar as causas e promover ações voltadas à diminuição das condições que contribuíram para que, nos anos de 2016 a 2018, o número de afastamentos relacionados a doenças do sistema osteomuscular estivessem entre os mais frequentes entre os seervidoes. Diante desses dados, o trabalho baseou-se na seguinte problemática: um Programa de Ergonomia, aplicado no contexto laboral da Justica Federal do Rio Grande do Norte, poderá melhorar a qualidade de vida dos servidores e diminuir os índices de afastamentos por motivo de doença?
Diante do exposto, o objetivo desse trabalho é analisar o Programa de Ergonomia implantado em 2017 na JFRN e avaliar o controle efetivo dos riscos ergonômicos identificados em cada atividade laboral. Junto ao objetivo geral, têm-se os objetivos específicos: i) avaliar os impactos da implantação do Programa de Ergonomia em todas as subseções da JFRN; ii) analisar os relatórios de horas extras e afastamentos dos servidores de 2016 a 2018; iii) realizar pesquisas sobre satisfação no trabalho; e iv) desenvolver um software interativo que auxilie os servidores na garantia de um trabalho com condições ergonomicas mínimas, através da correção postural e da interação equilibrada entre o servidor e o meio laboral.
Justifica-se, então, este trabalho pelas melhorias que pode gerar ao quadro de colaboradores da JFRN, minimizando os impactos da atividade laboral e procurando garantir a eficiencia sem descuidar da qualidade de vida, em uma relação ganha-ganha entre trabalho e bem estar social, físíco, emocional e mental.
O artigo está organizado em 6 seções. Além deste tópico introdutório, tem-se a seção 2, metodologia, na qual se abordam os procedimentos utilizados na pesquisa, o método e o tipo de dados coletados; a seção 3 apresenta o marco conceitual da pesquisa que norteou o desenvolvimento do trabalho; a seção 4 demonstra os resultados que foram conseguidos por meio da implantação do Programa de Ergonomia; a seção 5 apresenta as conclusões da pesquisa e limitações encontradas, bem como a relevância da pesquisa; e, por fim, a seção 6 traz as referências bibliográficas utilizadas neste trabalho.
Metodologia
Para promover o entendimento dos procedimentos utilizados para a realização da pesquisa, possibilitando alcançar os objetivos propostos, tem-se nesta seção a classificação do estudo e as etapas de execução da pesquisa.
Quanto à natureza, registra-se que esta é uma pesquisa aplicada. De acordo com Gil (2010), esse tipo de pesquisa tem como meta a aquisição do conhecimento para a sua aplicação em um contexto específico. Em relação aos objetivos, a pesquisa é exploratória, pois tem o intuito de aproximar o pesquisador com a temática, tornando-o mais familiarizado com os fenomenos do problema (Fontelles et al. 2009, p. 6). A abordagem da pesquisa pode ser classificada como quali-quantitativa. A pesquisa qualitativa não considera aspectos numéricos, mas busca responder fenômemos complexos de ordem social, cultural, mediante descrições e comparações (FONTELLES et al., 2009). Já a abordagem quantitativa analisa dados e busca respostas por meio de estatística, apresentando os caminhos que chegaram a tais resultados. Para Turrioni e Mello (2012), a pesquisa combinada pode ser usada em toda a pesquisa ou em parte dela.
O método da pesquisa ou procedimentos técnicos da pesquisa pode ser classificado como pesquisa-ação. Esse método de pesquisa, de acordo com Thiollent (2009), proporciona estreita relação com uma ação e com a resolução de um problema. Sendo exatamente isso que é proposto na pesquisa. Além disso, os pesquisadores estão, nesse método, envolvidos de modo participativo para resolução do problema.
As ações realizadas foram: a) análise ergonômica do trabalho, definindo mobiliários adequados à necessidade da atividade laboral; b) análise ambiental, incluindo as condições de temperatura efetiva, ruído e iluminação dos espaços de trabalho; e c) estudo de outros fatores que pudessem influenciar na saúde e integridade física e mental dos colaboradores. Foram analisados dados de horas extras e de afastamentos do trabalho, descrição de cargos e funções, plantas baixas dos prédios e do sistema de ar condicionado, organogramas e quantitativos de colaboradores. Também foram aplicados instrumentos de pesquisa junto às equipes, com o fito de avaliar a carga mental de trabalho e identificar a presença de sintomas musculoesqueléticos pelo trabalhador. Realizou-se observação direta e foram produzidas fotografias de ocasiões de postura inadequada. Esses materiais foram utilizados posteriormente em campanhas educativas.
O trabalho foi desenvolvido em todas as subseções da JFRN, localizadas nas cidades de Assu, Pau dos Ferros, Mossoró, Ceará Mirim, Caicó e Natal, contabilizando um total de 560 colaboradores, incluindo servidores, estagiários e magistrados. Os procedimentos realizados nas etapas foram:
a) análise ergonômica do trabalho, definindo mobiliários adequados à necessidade da atividade laboral - Foram mensurados e medidos todos os mobiliários da instituição, seguindo as especificações das normas existentes quanto ao tipo de mobiliário. Também foram medidos os mouses, teclados, monitores, cadeiras e mesas, e verificadas as condições de casa objeto utilizado na estação de trabalho e registradas as não conformidades.
b) análise ambiental, incluindo as condições de temperatura efetiva, ruído e iluminação dos espaços de trabalho – Através da aquisição de esquipamentos de medição devidamente calibrados, foi possível realizar medições de temperatura efetiva, utilizando o termometro IBUTG; medições de ruído, utilizando um dosímetro de ruído capaz de captar bandar de 1/3 de oitava, sensível para atividades especificas e medição de iluminância através do uso do equipamento luxímetro. A finalidade desta atividade era garantir condições ambientais nos setores de trabalho.
c) estudo de outros fatores que pudessem influenciar na saúde e integridade física e mental dos colaboradores – Foram analisados dados de horas extras, dados de afastamentos do trabalho, descrição de cargos e funções. Também houve a aplicação de questionários para avaliar a satisfação no serviço realizado e identificar a presença sintomas musculoesqueléticos pelo trabalhador.
No projeto também foi realizado o mapeamento dos extintores e hidrantes e sinalização de emergência dos prédios, visando adequar às normas de segurança e garantir a segurança das pessoas que diariamente utilizam as dependências dos prédios da JFRN.
Paralelo a essas ações, a Residência em Tecnologia da Informação da JFRN, junto com a equipe do Programa de Ergonomia implantado, desenvolveram um software, versão de teste para auxiliar nas ações preventivas de qualidade de vida. O software observa a postura dos servidores, mediante uma câmera, bem como contabiliza quantidade de teclas digitadas, fornecendo indicadores de mudançpas posturais e digitação. Para o desenvolvimento do software, foram levantandados os pré requisitos por meio dos relatórios das etapas anteriores e com base nas normas de ergonomia, utilizadas no Brasil, a NR-17 Ergonomia do Ministério de Trabalho e Emprego.
Marco Conceitual
A ergonomia é um assunto bastante discutido nos dias atuais, sobretudo com as novas formas de condições de trabalho que têm surgido. A palavra Ergonomia, de acordo com a Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, vem do grego, onde Ergon significa trabalho e nomos tem como significado a palavra normas, leis e regras. Assim, a ergonomia, levando em conta a origem da palavra, é um estudo sistêmico com foco nas características da atividade humana.
A Associação Internacional de Ergonomia - IEA, no ano 2000, definiu a ergonomia como disciplina científica que trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados métodos, a projetos que visam otimizar o bem estar humano e a performance global dos sistemas. A IEA também dividiu a ergonomia em três domínios, a ergonomia física, a ergonomia cognitiva e a ergonomia organizacional. A Física diz respeito às características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e bio-mecânica em sua relação a atividade física. Já a Ergonomia Cognitiva estuda os processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio, e resposta motora, conforme afetam interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Por sua vez, a ergonomia Organizacional se refere à otimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e processos.
Quando se fala em ergonomia no posto de trabalho, Menezes e Santos (2014) relatam que ter um projeto eficiente de local de trabalho garante uma boa produtividade, associada à segurança das condições físicas e da saúde mental. Assim, a ergonomia é um instrumento de prevenção de danos à vida humana e fator corretivo também, buscando melhorar ambientes de trabalho. Desse modo, Ferreira (2015) enfatiza que as mudanças laborais e nos processos de trabaho têm produzido efeitos negativos para a saúde e segurança dos trabalhadores (acidentes de trabalho, doenças musculares relacionadas ao trabalho), além da sensação de cansaço por verem as tarefas como intensas e desgastantes.
Segundo Lida (2005, pag 17), a análise ergonomica dos postos de trabalho é um estudo de uma parte do sistema onde atua o trabalhador. A ergonomia engoloba assim, diversos fatores e pode ser motivada por várias frentes de necessidades. Complementando o que Lida falou, Martins e Laugeni (2005) relatam que o local de trabalho e a atividade devem se adaptar ao homem e não o contrário. Assim, não se pode apenas colocar o colaborador em um ambiente de trabalho, mas dar condições ergonomicas para que o trabalho seja desempenhado levando em conta padrões de saúde e segurança.
Melo et al. (2016), argumenta que uma ação ergonômica nas organizações podem ser divididas em três tipos: de correção, de concepção e de conscientização. De acordo com o mesmo autor, a de correção busca melhoras nas condições ja existentes, porém sem tanta eficácia. Já a ergonomia de concepção propõe-se a, já na fase inicial dos projetos, inserir conhecimentos sobre o funcionamento humano e todas as relações com o posto de trabalho. E, por fim, a ergonomia de conscientização, que se relaciona a melhores práticas através de treinamentos e formação dos funcionários.
Assim, a ergonomia atua com uma grande variedade de interesses e aplicações, incluindo o lazer e o trabalho (MATTOS; MÁSCULO, 2011). Esses interesses devem estar alinhados com a política de qualidade de vida das organizações.
A norma que regulamenta e é utilizada para tratar questões de ergonomia no Brasil é a Norma Regulamentadora 17 (NR17), do Ministério do Trabalho e Emprego. A própria norma apresenta que visa a estabelecer parâmetros para permitir a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. A NR 17 apresenta regras para mobiliários e equipamentos dos postos de trabalho, condições ambientais e organização do trabalho. Esses fatores têm grande impacto na realidade laboral.
Além da norma regulamentadora, o Ministério do Trabalho e Emprego lançou um manual de aplicação da norma para auxiliar no desenvolvimento das organizações nas ações de ergonomia.
Resultados
Dos resultados, destaca-se, inicialmente, a criação do Comitê de Ergonomia – Coergo - por servidores de todas as subseções da Justiça Federal do Rio Grande do Norte. O comitê foi criado com a responsabilidade de servir como elemento base para a formação de discussões e de planejamento para o desenvolvimento das ações ergonômicas dentro do órgão. Ao coergo também foi dado a responsabilidade de atuar de forma ativa no desenvolvimento de estratégias e na execução das ações corretivas, sendo elemento multiplicador de uma cultura ergonômica de melhorias contínuas para a saude dos colaboradores.
O comitê de ergonomia é compostos por membros de variados setores, buscando englobar a maioria dos setores e ter uma atuação mais eficaz nos processos desejados. Esses membros, após curso de formação sobre o tema, passaram a realizar blitz posturais, acompanhados por fisioterapeutas e analisar questões pertinentes ao tema na instituição. Também se tornou possível orientar sobre modelos adequados de mobiliário para uso na JFRN, considerando a funcionalidade e os padrões ergonômicos recomendados. A implantação do Programa contribuiu para a conscientização das equipes e otimização dos contextos de trabalho em prol do conforto, segurança e saúde dos colaboradores.
Através da análise ergonômica do trabalho, foi possível observar que muitos mobiliários não atendiam às especificações de ergonomia, exigidas nas normas vigentes. Também foi visto que muitos equipamentos estavam em más condições, prejudicando a saúde dos servidores. O Coergo, após ciência acerca das condições da organização por meio da análise ergonômica, definiu em reunião com o setor responsável por licitações, os modelos para futuras aquisições, bem como definiu um cronograma de troca para as estações de trabalho com maiores problemas.
Através da análise ambiental foi possível avaliar as condições de conforto do ambiente de trabalho. Foi verificado o conforto térmico e acústico das salas e, também, a quantidade de iluminância (quanto de luz que incide sobre o posto de trabalho). Conclui-se que alguns setores necessitam de melhorias na luminosidade e no isolamento de ruídos, sobretudo nos setores que ficam próximos a salas de audiências das Varas. Atenção especial foi dada ao conforto térmico, pois a Justiça Federal do Rio Grande do Norte possui uma portaria em que libera a ligação do ar-condicionado a partir das 9 horas da manhã. Todavia, alguns servidores já se encontram nos postos de trabalho a partir das 7 horas, tendo que se submeter a condições de calor. Buscou-se distribuir pequenos ventiladores para esses servidores ao mesmo tempo em que são levantados embasamentos para permitir a liberação da ligação do ar-condicionado antes do horário definido em portaria.
Surgiu a necessidade de mapear os sistemas de combate a incêndio das unidades, visando garantir um sistema eficiente em caso de sinistros nos prédios e, assim, a rápida retirada dos traseuntes para local seguro. Econtraram-se várias não conformidades em relação a espaço dos extintores, identificação, rotas de emergências. Esses levantamentos foram enviados ao setor de engenharia para adequação.
Ainda como resultados da pesquisa, um dos pontos mais impactantes pela inovação quanto a técnicas ergonômicas, foi a criação do software que fornecerá ajuda aos servidores. Haverá uma câmera especializada, que capta imagens do servidor no seu posto de trabalho e as transformará em relatórios para avaliação diagnóstica. Tais imagens permitirão à identificação de posturas inadequadas dos colaboradores durante a jornada.
Mediante comparação dessas fotos com um banco de imagens pré-definidas, o software poderá interagir com o colaborador, que será convidado a responder pequenas perguntas estruturadas ao longo do dia, reportando desconfortos e dores quando houver. A figura 1 apresenta o módulo captura e como serão coletadas as posturas do servidor.
Figura 1 - Módulo captura do software ergo
Fonte: Elaborado por autores, 2019.
Ao identificar a queixa ergonômica apontada pelo sujeito e avaliar suas condições de desconforto, o sistema sugerirá exercícios laborais para evitar ou amenizar dores e incômodos. Paralelamente, esses dados serão armazenados em um banco de dados e utilizados em futuros estudos, bem como em intervenções institucionais pelo Comitê de Ergonomia, como pode ser observado na figura 2.
Figura 2 - Tela de Estatísticas do software ergo
Fonte: Elaborado por autores, 2019.
Na figura 2, pode-se verificar os indicadores e acompanhar de forma diária, semanal, mensal ou anual. Na figura ainda se observa, como exemplo de indicadores, a quantidade de teclas digitadas e o grau de correção postural. Esses dados podem ser utilizados por médicos e fisioterapeutas.
Na figura 3, pode-se ver a tela inicial do Software Ergo. Apresenta-se um resumo das atividades dos colaboradores, aba de estatística com indicadores, bem como a aba relatar problema, para o caso de necessidade de alguma ajuda ou relato de não conformidade no sistema.
Figura 3 - Tela do software Erg
Fonte: Elaborado por autores, 2019.
Será possível ainda visualizar um guia postural com orientações de como se posicionar diante do computador, regular cadeiras e equipamentos. Também, no software, pode-se falar com o comitê e solicitar intervenção em algum setor. Posteriormente e mediante necessidade, podem ser inseridas outras funcionalidades no sistema.
Considerações Finais
A presente pesquisa mostrou-se relevante para a Justiça Federal por abordar meios práticos para garantia da qualidade de vida, englobando todas as unidades em uma ação conjunta. Ademais, essas contribuições para a organização no contexto de trabalho poderão ser replicados em outros órgãos, auxliando em melhores condiçoes laborais e na diminuição de possíveis danos à saúde.
Observou-se que apesar da JFRN já possuir um bom nível ergonômico de trabalho, em alguns setores, os servidores precisam de formações sobre o tema e que se faz necessária a constante averiguação dos membros do Coergo para evitar os diversos vícios posturais e de trabalho que vão sendo adquiridos no decorrer dos anos de trabalho.
Os objetivos da pesquisa foram atingidos na medida em que foi possível avaliar a ação do programa de ergonomia implantado na JFRN e notar, de forma clara, melhorias nas estações de trabalho e consequentes diminuições de afastamentos por motivos de doenças. Quanto ao objetivo de avaliar os impactos da implantação do Programa de Ergonomia em todas as subseções da JFRN, este foi possível através da integração de membros de todas as unidades no comitê de ergonomia e por meio de visitas para levantamento de dados por profissionais da área de Segurança do Trabalho, ergonomistas e fisioterapeutas. Em relação ao objetivo de analisar os relatórios de horas extras e afastamentos dos servidores de 2016 a 2018, foram criados indicadores e verificada uma diminuição de afastamentos no ano de 2017 para 2018. Observou-se que o setor que mais realiza horas extras é o setor de serviços, tendo em vista a quantidade de solicitações de eventos e atividades que esse setor de apoio executa.
O objetivo de realizar pesquisas sobre satisfação no trabalho foi atingido através da aplicação de 3 questionários. Os resultados contribuiram para as tomadas de decisões e para fundamentar o plano de ação ergonômico da instituição. Quanto ao desenvolvimento do software interativo, foi criado um prototipo em que é possível capturar imagens do servidor, chamado módulo ErgoCaptura. Também foi criado o móduloWeb, onde o servidor poderá ver seus índices ergônomicos e inserir atividades que promovam o bem estar. Desse modo, a pesquisa respondeu a problemática de pesquisa e provou que o Programa de Ergonomia pode melhorar a qualidade de vida dos servidores e diminuir os índices de afastamentos dos colaboradores.
Algumas limitações foram encontradas no decorrer da pesquisa, tais como a demora na aquisição e calibração dos equipamentos de medição ambiental utilizados. Outra limitação diz respeito ao teletrabalho, regime de trabaho atual utilizado por parte do corpo funcional da JFRN. Sugere-se que o Coergo estude as possibilidades do Programa de Ergonomia atingir esses servidores que podem executar suas atividades laborais em suas residências.
Sugere-se, também, para pesquisas futuras, a avaliação comparativa dos indicadores do setor de qualidade de vida da JFRN, após 5 anos de implantação do Comitê de ergonomia e do Programa de Ergonomia. Dada a importancia da ação, sugere-se a implantação de programas semelhantes em outras organizações.
Referências
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VIDAL, Mário César. Introdução à ergonomia. Rio de Janeiro: Coppetec, 2000.
1 Psicóloga especialista em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia Organizacional e servidora da Justiça Federal do Rio Grande do Norte.
2 Acadêmico do curso de Graduação em Engenharia de Produção e estagiário da Justiça Federal do Rio Grande do Norte.
3 Acadêmica do curso de Graduação em Psicologia da Universidade Potiguar e estagiária da Justiça Federal do Rio Grande do Norte.
4 Acadêmica do curso de Graduação em Psicologia e estagiária da Justiça Federal do Rio Grande do Norte.
5 Arquiteta e bacharel em Direito e especialista em Direito Administrativo, servidora da Justiça Federal do Rio Grande do Norte.
6 Psicóloga especialista em Gestão de Pessoas e em Psicologia Clínica, servidora da Justiça Federal do Rio Grande do Norte.