Jonathan Saidelles Corrêa 1, Luis Felipe Dias Lopes 2, Lucas Veiga Ávila 3, Lúcia dos Santos Albanio 4, Damiana Machado de Almeida 5
1 Introdução
Inúmeras são as características do mundo globalizado que conduzem à percepção de que o trabalho vem ocupando um espaço maior da vida da maioria das pessoas. De acordo com Camelo e Angerami (2008) a evolução tecnológica trouxe contribuições para o desenvolvimento do homem em seu contexto social, cultural e biológico; contudo, também, expôs sua fragilidade física e emocional. Nesse contexto, existem aspectos presentes na rotina de trabalho que interferem diretamente o desempenho individual de cada trabalhador.
Influências positivas no ambiente organizacional tendem a propiciar sentimentos de bem-estar no trabalho nos colaboradores. Dessen e Paz (2010) afirmam que o bem-estar pode ser definido como o atendimento das pretensões dos colaboradores no desempenho de suas tarefas nas organizações. No entanto, quando esses elementos impactam de maneira negativa, podem acarretar prejuízos aos indivíduos responsáveis pela execução das atividades, ocasionando problemas como o estresse ocupacional e a síndrome de burnout . O conceito de estresse está diretamente relacionado ao desgaste físico e mental ocasionado pelo desempenho de atividades na presença de condições insatisfatórias, já o de síndrome se refere à permanência do indivíduo nessas condições por longos períodos de tempo, motivando a exaustão física e mental. De acordo com Carvalho e Magalhães (2011, p. 204) “a Burnout geralmente leva à deterioração do bem-estar físico e emocional”.
Desse modo, evidencia-se que a não observância das condições de trabalho pode propiciar a ineficiência de inúmeras instituições, tanto no cenário público, como no privado, tendo em vista que são os colaboradores os principais responsáveis pelo alcance dos objetivos organizacionais. Controlar aspectos da rotina de trabalho relacionados à qualidade de vida, satisfação e bem-estar no trabalho são algumas entre as inúmeras abordagens capazes de ir de encontro à predisposição ao adoecimento de pessoas do contexto laboral.
Por ser um tema global, uma busca de anterioridade em Bases de dados contribui na análise de características relevantes de pesquisas já publicadas, haja vista a amplitude de conceitos e abordagens que tangenciam o tema. Desse modo, o objetivo deste estudo é demonstrar o panorama das publicações sobre o tema Bem-estar no Trabalho no contexto nacional na última década (2007-2016). Para isso, evidenciou-se as principais características das produções científicas, por intermédio da Base de Dados SciELO.
2 Referencial Teórico
Inúmeras teorias foram desenvolvidas no intuito de compreender e avaliar os fatores positivos que influenciam o comportamento organizacional, como a Qualidade de Vida no Trabalho, a Satisfação no Trabalho e o Bem-estar no Trabalho. Nesse sentido, este tópico evidencia a origem, principais conceituações e características do Bem-estar no Trabalho.
2.1 Bem-estar no Trabalho: Conceituações e Características
O aumento da influência da tecnologia, a elevação da competitividade, a preocupação com a maximização da eficiência das organizações e outras consequências do período pós-revolução industrial trouxeram inúmeras mudanças para o ambiente de trabalho das organizações, tanto públicas como privadas. Inúmeros relatos surgiram de fatores que tem como consequência a exaustão física e psicológica dos indivíduos. Todavia, também há sentimentos e emoções que favorecem o desenvolvimento do bem-estar no ambiente laboral.
Historicamente, o Bem-estar teve suas primeiras teorias direcionadas para a economia, sendo defendido como sinônimo de rendimento, sendo que no início da década de 60 transcendeu seu foco para a qualidade de vida da pessoa (GALINHA; RIBEIRO, 2005; SIQUEIRA; PADOVAM, 2008). Posteriormente, na década de 70, adquiriu características de resolução de problemas de saúde (GALINHA; RIBEIRO, 2005), como o surgimento de movimento com base principalmente no interesse público dos Estados Unidos da América em relação à saúde psicológica dos indivíduos (RYAN; DECI, 2001). Essa mudança de características no conceito de Bem-estar causou conflitos teóricos, que segundo Novo (2003) fez com que surgissem duas correntes distintas na década de 80: o Bem-estar Subjetivo (BES) e o Bem-estar Psicológico (BEP), em que “a principal diferença entre elas reside na concepção de felicidade adotada” (PASCHOAL; TAMAYO, 2008, p. 12).
Nesse sentido, procura-se compreender as avaliações que as pessoas fazem de suas próprias vidas em relação a aspectos afetivos (DIENER; SUH; OISHI, 1997). O Bem-estar Subjetivo está relacionado ao hedonismo filosófico, que o considera como sinônimo de prazer e felicidade (RYAN; DECI, 2001). Albuquerque e Trócolli (2004) explicam que o Bem-estar Subjetivo pode ser resumido em três dimensões, que são o afeto positivo, o afeto negativo e a satisfação com a vida. Paschoal e Tamayo (2008) reforçam que o Bem-estar caracterizado pela felicidade hedônica pode ser considerado basicamente como um estado afetivo, de modo que os afetos positivos prevalecem sobre os negativos. Infere-se assim que o Bem-estar subjetivo está relacionado às sensações e emoções percebidas pelo indivíduo na sua rotina de vida.
Por outro lado, o Bem-estar Psicológico, segundo Ryan e Deci (2001) é amparado no eudonismo, que baseia a percepção de Bem-estar no desenvolvimento de potencialidades pessoais. As definições desta teoria “aparecem como críticas à fragilidade das formulações que sustentavam o BES” (SIQUEIRA; PADOVAM, 2008, p. 205). De acordo com os autores, ao passo que o Bem-estar Subjetivo abarca a satisfação com a vida sob um prisma de afetos positivos e negativos que geram felicidade, o BEP se embasa em formulações psicológicas referentes ao desenvolvimento humano e a capacidade de cada indivíduo de enfrentar os desafios da vida. Em consonância, Paschoal e Tamayo (2008) reforçam que o Bem-estar amparado na realização pessoal pode ser representado pela percepção de avanço das pretensões de vida.
Sustentando-se nas contribuições que as correntes de Bem-estar subjetivo e psicológico exararam, é possível assimilar a complexidade que cerca o tema, que harmoniza desde sentimentos de afeto ao desenvolvimento de potencialidades. Emoções são essenciais na determinação do Bem-estar, contudo, ao considerá-las de maneira isolada, a autorrealização passa a ser uma variável desprezável (PASCHOAL; TAMAYO, 2008). De acordo com Accardo (2013, p. 35) “o bem-estar no trabalho é um elemento fundamental para se viver bem, pois, em geral, as pessoas costumam passar grande parte de suas vidas dedicando-se ao trabalho”.
Além dos fatores profissionais, os pessoais também podem influenciar o Bem-estar no Trabalho, haja vista que estes interferem diretamente no humor e na felicidade dos indivíduos. Nesse sentido, Rothbard e Edwards (2000) afirmam que as organizações têm procurado adotar estratégias visando compreender a influência da vida pessoal dos colaboradores nas atividades de trabalho. Por intermédio dessas ações, as instituições conseguem demonstrar o interesse pelos problemas singulares de cada trabalhador, o que pode elevar seu bem-estar.
Ao abordarem o tema, pesquisadores tendem a relacioná-lo com fatores positivos – como satisfação com o trabalho – ou elementos negativos – como o estresse e a Síndrome de Burnout (SIQUEIRA; PADOVAM, 2008). Embora a definição de BET apresente variação, Paschoal (2008) elucida que na maioria dos casos se confunde com o conceito de felicidade.
No Quadro 1 estão alguns dos conceitos de Bem-estar no Trabalho discutidos por diferentes pesquisadores que estudam o tema.
Embora existam outras conceituações, suas variações são pequenas se comparadas com as demonstradas no Quadro 1, ao passo que juntas conduzem à percepção de que o Bem-estar no Trabalho é a consequência da perfeita sintonia entre organização e colaborador. Em outras palavras, pode ser definido como uma via de mão dupla, em que a empresa proporciona condições de trabalho satisfatórias e, em contrapartida, os colaboradores apresentam um comprometimento efetivo.
Depreende-se assim que o Bem-estar no Trabalho relaciona-se com afetos positivos e negativos, satisfação no trabalho, autorrealização, autonomia e desenvolvimento de potenciais. Karasek (1979), em seu estudo sobre estresse ocupacional, enfatiza que o controle e autonomia que o indivíduo exerce sobre sua função estão positivamente relacionados ao seu retorno em desempenho. Por consequência, indivíduos que vivenciam esta autonomia tendem a apresentar melhores resultados. Em consonância, Sonnentag (2002) defende que os colaboradores com necessidades satisfeitas em seus locais de trabalho apresentam uma maior produtividade. Esse controle no trabalho age como um sustentáculo do colaborador contra efeitos negativos oriundo de sua rotina de trabalho, pois viabiliza a tomada de decisões, a resolução de empecilhos e o enfrentamento de desafios (PASCHOAL; TAMAYO, 2008).
Hakanen; Perhoniemi e Toppinem-Tanner (2008) corroboram com o exposto ao afirmarem que ao vivenciarem bem-estar e satisfação, cada indivíduo poderá apresentar comportamentos de iniciativa. O BET tem sido considerado também imprescindível para promover a competitividade entre as organizações, principalmente no que tange as experiências positivas do trabalhador (SANT'ANNA; PASCHOAL; GOSENDO, 2012), tendo em vista que a produtividade do indivíduo depende do seu estado físico e psicológico.
Isto posto, nota-se que as características do BES e BEP se consubstanciam no entendimento do Bem-estar no Trabalho, conforme visualiza-se na Figura 1.
Para melhor compreensão, constata-se na Figura 1 que os afetos positivos e negativos seriam sentimentos antagônicos em relação à organização, englobando em síntese a tristeza e a felicidade no ambiente de trabalho. A satisfação no trabalho, segundo Paschoal e Tamayo (2008, p. 14) “refere-se ao quanto o trabalhador está satisfeito com os colegas, com a organização e com a própria atividade do trabalho”. O desenvolvimento de potenciais está entrelaçado com as oportunidades que a instituição proporciona aos seus servidores, sobretudo associado ao crescimento pessoal e profissional. Por sua vez, a autonomia está relacionada à liberdade que o trabalhador possui para decidir sobre sua função. E por fim, a autorrealização, se refere à satisfação dos propósitos de vida do indivíduo, sob os prismas pessoal e profissional, em que afetos positivos se excedem aos negativos (PASCHOAL; TAMAYO, 2008). Os autores afirmam ainda que essa definição ampla de Bem-estar no Trabalho contribui para que o conceito possa ser utilizado em distintos contextos organizacionais.
3 Método
A presente pesquisa se configura como um estudo bibliométrico descritivo, com abordagem quantitativa, o qual visa alcançar um aprofundamento sobre as publicações relevantes presentes na literatura nacional sobre o tema Bem-estar no Trabalho. Para Pritchard (1969) a bibliometria é aplicada em pesquisas que visam analisar estatisticamente os processos de comunicação escrita. De modo semelhante, Silva (2004) e Leite Filho (2008) mencionam que ela objetiva a avaliação da atividade científica ou técnica de um determinado campo do conhecimento através do estudo quantitativo de publicações.
No campo das Ciências Sociais, a bibliometria tem a função recorrente de averiguar a produção de artigos em determinadas áreas, mapear as comunidades acadêmicas e identificar as redes de pesquisadores e suas motivações (NEDERHOF, 2006; CHUEKE; AMATUCCI, 2015). Estes estudos estatísticos que analisam as características de publicações de maneira longitudinal costumam ser balizados por três leis: Lei de Lotka, Lei de Brandford e Lei de Zipf.
A Lei de Lotka (lei do Quadrado Inverso) propõe que determinado número de pesquisadores produz muito em determinada área – e são mais citados –, sendo que um grande número de pesquisadores produz pouco – e são menos citados (ÁVILA et al., 2014; MACHADO JUNIOR et al., 2016). Isto é, transfere-se parcela da relevância do artigo ao autor responsável por sua publicação, principalmente para aqueles reconhecidos na academia, por possuírem elevada produção científica em determinados temas.
Por sua vez, a lei de Bradford (lei de Dispersão) estima a importância de periódicos que atuam nas variadas áreas do conhecimento. O objetivo desta lei, na perspectiva de Araujo (2006), é evidenciar a disposição dos artigos nos periódicos, no intuito de determinar aqueles mais relevantes para determinados assuntos. Assim, no instante que um periódico se dispõe a publicar um assunto considerado novo, há uma probabilidade de que outros autores que estudam o tema também procurem encaminhar suas produções para o mesmo periódico. Com esse movimento, há uma especialização na revista sobre o tema devido às recorrentes publicações relevantes.
Por fim, a lei de Zipf (lei do Mínimo Esforço) “relaciona a frequência de palavras e o significado das mesmas para a área de pesquisa” (QUEVEDO-SILVA et al., 2016, p. 249). Neste caso, a quantidade de vezes que uma palavra é mencionada por autores define os principais temas abordados em distintas ciências. Tal lei está relacionada à enumeração dos tópicos mais relevantes sobre determinados temas ( hot topics ).
Convém salientar que o presente estudo bibliométrico auferiu resultados relativos a duas das três leis bibliométrica. Os resultados referente a Lei de Zipf não foram possíveis em virtude da Base de Dados SciELO não permitir o calculo dos índices h e m para identificação dos hot topics sobreo tema. Deste modo, ciente das inúmeras contribuições que este tipo de pesquisa proporciona na construção de um arcabouço teórico que conduza à evolução da fronteira do conhecimento , optou-se pela análise bibliométrica sobre o tema Bem-estar no Trabalho , englobando publicações de 2007 a 2016 contidas na base de dados SciELO. Exposto o caminho bibliométrico, na sequência serão evidenciadas as principais características das publicações sobre o tema.
4 Análise dos Dados
Nesta seção estão demonstrados os principais resultados relativos ao estudo bibliométrico nacional realizado sobre o tema Bem-estar no Trabalho na última década. Foram analisadas as dez primeiras posições classificadas por critério de maior número de registros obtidos através da inserção do descritor “Bem-estar no Trabalho ” no sistema de busca da base de dados SciELO, resultando em 308 publicações realizadas no Brasil no período de 2007 a 2016. Convém salientar que as características detalhadas neste tópico se embasam no número de registros (área temática, publicações por ano e fonte) e número de citações de artigos (autores), em 2017.
No que se refere às dez principais áreas de pesquisas relacionadas a Bem-estar no Trabalho no Brasil, a que engloba o maior número de publicações é a Saúde Pública, Ambiental e Ocupacional, possuindo 42 dos registros. Também com número expressivo se destacaram as áreas de Enfermagem (27), Psicologia multidisciplinar (24), Economia (23) e Gerenciamento (22). Logo após estão: Sociologia (17), Engenharia agrícola (13), Física multidisciplinar (11), Agronomia (10) e Educação e pesquisa educacional (10). Deste modo, percebe-se que as três primeiras áreas que possuem finalidade de cuidados com a saúde estão entre as principais fomentadoras de publicações sobre Bem-estar no Trabalho, embora exista considerável interdisciplinaridade.
Para verificar o panorama da produção científica ao longo dos últimos dez anos, demonstrou-se também a distribuição do quantitativo de publicações nacionais em cada período, conforme exposto na Figura 2.
Ao verificar os dados da Figura 2, percebe-se uma oscilação no interesse dos pesquisadores sobre o tema ao longo da última década. As publicações demonstraram um crescimento de 2007 a 2009, passando de 21 para 32. De 2009 a 2011 as produções permaneceram em uma constante de 32 por ano. Os anos mais significativos foram 2012 e 2015, com 41 e 42 publicações, respectivamente. Em contraponto, os anos menos representativos foram 2007 e 2016, com 21 registros cada um. Este cenário demonstra o panorama das publicações de modo longitudinal, o qual é relevante para que se demonstre o estágio de contemporaneidade do tema.
No que tange os principais autores que publicam sobre Bem-estar no Trabalho, o com o estudo mais citado é Oswaldo Hajime Yamamoto, com 32 citações, o qual é Professor Titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, possui graduação em Psicologia e Mestrado e Doutorado em Educação. Junto com este autor, outros três completam as quatro primeiras posições: Janete Pessuto Simonetti (31), Mirlene Maria Matias Siqueira (21) e Tatiane Paschoal (21). Após estes autores figuram Valdiney Veloso Gouveia (12), Maria Carmen Martinez (11), Gislaine Silveira Simões (11), Mônica Rocha Muller (10), Leila Regina Wolff (10) e Jaqueline Brito Vidal Batista (9).
Outra informação relevante é a relação das principais fontes em que estão depositados os escritos sobre Bem-estar no Trabalho. Desse modo, verifica-se que a fonte que apresentou o maior número de produções em relação ao total de registros foi a Revista Ciência & Saúde Coletiva (14), a qual é uma revista editada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Criada ao final de 1996, este periódico é um espaço científico de acesso aberto da área de medicina e saúde pública. Em seguida estão as fontes: Engenharia Agrícola (10), Psicologia: Ciência e Profissão (10), Revista Latino-Americana de Enfermagem (9), Ciência Rural (7), Estudos Econômicos (7), RAM. Revista de Administração Mackenzie (7), Escola Anna Nery (6), Estudos de Psicologia (6) e Saúde e Sociedade (6).
Expostas estas características, ficam atendidas duas leis bibliométricas referentes à identificação dos principais autores (Lei de Lotka) e das principais fontes (Lei de Bradford). A última lei – Lei de Zipf – não foi retratada neste estudo em virtude da base de dados empregada no estudo não possuir ferramentas bibliométricas para calculo de índice h e m. Além de evidenciar características relativas às leis supracitadas, evidenciou-se também as principais áreas de pesquisa e a quantidade de publicações por ano na década pesquisada.
5 Considerações Finais
Esta pesquisa teve por objetivo demonstrar o panorama das publicações sobre Bem-estar no Trabalho nacionalmente na última década (2007-2016), por intermédio da base de dados SciELO. A análise individualizada ou coletiva de cada uma dessas características contribui para compreender o contexto científico do tema.
Foram identificados 308 publicações que abordam o tema, sendo que a área de Saúde Pública, Ambiental e Ocupacional foi a mais representativa, com 42 registros. Este resultado demonstra o intuito da academia de relacioná-los a questões comportamentais e de saúde individual. No que tange a distribuição das publicações durante a década, constatou-se que 2015 foi o ano com maior número de registros (42). Haja vista se tratar de um dos anos mais recentes da pesquisa bibliométrica, é possível inferir que o tema é contemporâneo, de maneira que está crescentemente sendo inserido em novas pesquisas científicas. Por sua vez, com relação aos principais autores, Oswaldo Hajime Yamamoto, com 32 citações, se destaca em pesquisas sobre Bem-estar no Trabalho. Este autor advém da área da Psicologia, corroborando com os achados relacionados às principais áreas temáticas responsáveis pelas produções científicas no assunto, as quais se relacionam a ciências de saúde e comportamentais. Por fim, em relação à fonte que mais disseminou publicações sobre o tema, se sobressaiu a revista Ciência & Saúde Coletiva, a qual demonstra interesse em contribuições sobre saúde pública e medicina, abrangendo também questões relacionadas ao comportamento humano.
Convém salientar que dados como os desta pesquisa bibliométrica possuem relevância tanto para o contexto acadêmico como para o empresarial. No cenário acadêmico possibilita a orientação de pesquisadores sobre as principais características do tema. Já no âmbito empresarial, este estudo contribui para que gestores tenham acesso facilitado a fontes que possam abrigar estudos de casos que por ventura possam auxiliar na tomada de decisão. Ainda, a identificação dos principais pesquisadores sobre o assunto pode induzir gestores a encontrar profissionais capazes de fornecerem consultoria empresarial.
No decorrer da pesquisa foi possível verificar a utilidade de mecanismos de busca como o SciELO, servindo de ferramenta para que a comunidade acadêmica tenha acesso às publicações, bem como busque informações a respeito da evolução de seus temas de interesse. Como limitação do estudo, destaca-se a utilização de apenas uma base de dados específica, razão pela qual sugere-se que estudos futuros desta natureza alcancem uma amplitude maior, abrangendo outras bases de dados e também eventos acadêmicos de impacto científico.
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1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) .
2 Professor Associado 2 da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM. Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
3 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) .
4 Bacharela em Administração pela Faculdade Metodista de Santa Maria/FAMES.
5 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) .