Alessandra Canez Brauner1, Ana Paula Buligon Zalamena1, GiovanaRotta1, Neise Fortes Borowski1, Rejane Maria Von Muhlen Kunrath1, Rosangela Irigary Garcia de Góes1, Tânia Regina Armani Nery1
O Servidor Penitenciário enfrenta em seu cotidiano de trabalho situações de violência por vezes inusitadas, caracterizadas por motins, emboscadas, rebeliões e até mesmo acidentes de trânsito, surgindo sentimentos de medo, abandono e impotência, despertados pela vivência iminente de morte, gerando autocensura pelo ocorrido, pela perda do autocontrole ou pela paralisação. O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é mais discutido e estudado, para um entendimento globalizado, após um evento traumático, pois, em todo mundo, as consequências psicológicas e físicas são um desafio à saúde (FRIEDMAN, 2009). Há um aumento da vulnerabilidade, e a pessoa pode reagir com agressividade e/ou através de sentimentos depressivos, resultando na percepção de desvalorização de si mesmo. O medo dificulta a retomada das atividades habituais e modifica a rotina que a vítima vinha desempenhando, até o momento da agressão. O comportamento objetivo, observável, nem sempre pode nos ser um indicativo do que seja “sofrer uma violência”. O impacto de um fator traumático, vitimizador, frente a um mundo anterior previsível, desencadeia, frequentemente, reações de choque e de negação. Ao atendermos as vítimas, servidores penitenciários, percebemos em suas verbalizações, o sentimento que os qualifica como um objeto na mão do agressor, oscilando entre os sentimentos de raiva e abandono. A imprevisibilidade e a rapidez do acontecimento dificultam uma adaptação da pessoa à situação, de modo a produzir uma reação adequada. logo após o fato traumatizante, para alguns, tende a reduzir com o passar do tempo, e para outros, a vivência do fato pode não desaparecer. Podemos dizer que cada momento vivenciado, cada atitude, cada reação, confere determinado modelo postural, pois obedece ora ao instinto de vida, ora ao instinto de morte. O estilo pessoal de cada um e a qualidade de apoio familiar, social, da instituição, das chefias, é determinante para a natureza do estresse psicológico e a morbidade física resultante. E eventos que são percebidos como indesejáveis, são mais fortemente correlacionados com o risco de adoecer.
Referências
LIMONGI, A.C.F.; RODRIGUES, A.L. Stress e Trabalho: Uma abordagem Psicossomática. 4ª. ed. São Paulo: Atlas S.A., 2005.
KUNRATH, R.M.V.M. Reflexão sobre a Violência. In:NERY, T.R.A..(org). Da Ética à Poética do Ser Servidor Penitenciário. Porto Alegre, CORAG,2012.
ROSSI, A.M; MEURS, J.A.; PERREWÉ, P.L. Stress e Qualidade de Vida no Trabalho .São Paulo; Atlas S.A.,2013.}
FRIEDMAN, M. Transtorno de Estresse Agudo e Pós-Traumático. Porto Alegre: Artmed,2009.
1Psicóloga. Seção de Atendimento ao Servidor da SUSEPE–SASS.