Daniela Fetter Telles Nunes1, Daniela Helena Müller2
Atualmente o câncer é uma das doenças que mais atinge a população. O termo câncer é genérico e representa um conjunto de mais de 100 doenças, incluindo tumores malignos de diferentes localizações. Sua evolução traz alterações orgânicas, psicológicas e comportamentais variadas. Entre estas, estresse, apatia, depressão, desânimo, sensação de desalento, raiva, ansiedade, irritabilidade e hipersensibilidade emotiva. Por ser um tratamento invariavelmente longo e desgastante, afeta tanto o trabalhador quanto o empregador, impondo um abrupto afastamento laboral. A visualização e o relaxamento como técnicas utilizadas pela psiconeuroimunologia e psico-oncologia se destacam por auxiliar na redução do estresse e melhora da qualidade de vida. Objetivo: Verificar o efeito da intervenção de relaxamento e visualização sobre a carga emocional, eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) e imunidade celular de pacientes com câncer de mama em tratamento radioterápico. Método: Estudo clínico randomizado com 34 pacientes com câncer de mama, 20 no grupo experimental e 14 no grupo controle, com idade entre 30 a 70 anos. A carga emocional (estresse, ansiedade e depressão) foi avaliada por testes psicométricos de auto-avaliação (ISSL, BAI, BDI e IDATE). Avaliação endócrina foi realizada através de amostras de cortisol salivar coletadas ao longo do dia (às 8 horas, às 12 horas e às 20 horas) por radioimunoensaios. A imunidade foi verificada através de proliferação de células T e a sensibilidade celular, a dexametasona e a corticosterona avaliadas por ensaios colorimétricos. Resultados:Houve melhora significativa nos índices de estresse e nos níveis de depressão e ansiedade, porém as alterações dos níveis de cortisol e proliferação celular não foram significativas. As células do grupo experimental apresentaram-se mais sensíveis a glicocorticóides in vitro. Cortisol foi correlacionado positivamente com a sensibilidade celular a hormônios. Conclusões:A intervenção de relaxamento e visualização foi efetiva para reduzir a carga emocional. Contudo, um período mais longo de intervenção ou morbidez psicológica mais severa pode ser necessário para mensurar possíveis alterações biológicas.
Referências bibliográficas:
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Gonzáles, M. A. A. Stress: Temas de psiconeuroendocrinologia. São Paulo: Robe editorial, 2001.
Luecken, L. J.; COMPAS, B. E. Stress, coping, and immune function in breast cancer. Annals of behavioral medicine, v. 24 (4), p. 336-344, 2002.
1Mestre em Psicologia Clínica e membro da Comissão de Psico-Oncologia da ABMP-RS.
2Especialista em Psicologia Hospitalar e Psico-Oncologia e membro da Comissão de Psico-Oncologia da ABMP-RS.