[1]Vera Maria Gonçalves Santos, [2]Janete das Graças Fonsêca Gonçalves, [3]Marilourdes Maranhão Mussalem, [4]Michelle Fonsêca Coelho
Introdução
O stress é sem dúvida um dos maiores desafios da sociedade contemporânea, está presente na maioria dos profissionais da educação, tornando-se um dos grandes responsáveis pela baixa qualidade de vida. Dessa forma são perceptíveis as rápidas transformações ocorridas no contexto social, gerando um aumento das responsabilidades e das exigências relacionadas com a educação. O mundo atualmente se depara com a era do conhecimento o que acarreta para a escola um olhar diferenciado no processo de ensino e aprendizagem, por conseguinte o papel do professor tem se modificado na tentativa de atender as expectativas e necessidades da sociedade em constante processo de mudança.
Uma das modificações mais significativas ocorridas no papel do professor está relacionada ao avanço do saber contínuo, podendo assumir novas funções, dominar uma série de habilidades pessoais que não podem ser reduzidas e nem tão pouco fazem parte do seu inteiro domínio. Assim sendo, os professores sofrem as conseqüências de estarem expostos a um aumento de tensão no exercício de seu trabalho, cuja dificuldade cresce pela fragmentação da atividade do professor e o acúmulo das responsabilidades que lhes são exigidas: O professor é aquele que está sempre sob um crivo critico, desde o ingresso na carreira, através de avaliações sistemáticas para ascensão profissional, da submissão de trabalho em eventos, da apresentação de projetos e de relatórios de atividades e de pesquisas. Vive-se no mundo globalizado, onde os problemas enfrentados na profissão docente despertam questionamentos como: o stress é um fator que influencia na qualidade de vida dos professores?
O presente trabalho tem por objetivo geral investigar o Stress como fator influente na qualidade de vida dos professores no Ensino Fundamental e como específicos; observar os principais sintomas de stress no desempenho da prática pedagógica dos professores; Identificar os fatores geradores de stress que influenciam na qualidade de vida dos professores; analisar o nível de stress apresentados pelos professores.
Atualmente, o professor possui responsabilidades sociais mais intensas, porém ao mesmo tempo em que lhe são exigidas novas funções e tarefas, o seu prestígio social decresce. Essa diversidade de papéis faz com que exista uma crise na sua identidade e profissionalidade resultando em uma sobrecarga de trabalho, provocando, muitas vezes, a exaustão. Considera-se que não é recente o reconhecimento de que as situações de trabalho podem interferir negativamente na saúde dos indivíduos. Especificamente, no que se refere aos professores, considera-se que esta profissão favoreça o aparecimento de síndromes nervosas. Já em 1981, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), considerou o stress como uma das principais causas de abandono da profissão docente, considerando a docência como uma profissão de risco físico e mental.
O nível individual existe evidencia teórica e empírica de que as situações de stress vividas na docência levam a alterações fisiológicas, emocionais e comportamentais, as quais favorecem uma diminuição da saúde e do bem estar dos professores. Entretanto, o stress docente não é levado em consideração na maioria das vezes, se considerarmos que, no Brasil, há relativa escassez de estudos sobre a saúde do professor em comparação com trabalhadores de outras profissões.
Os níveis de tolerância ao stress são diferenciados para cada pessoa, aquelas com limites mais elásticos possuem maior resistências a ele, entretanto ao serem submetidas á tensão constante de forma crescente, inevitavelmente esse elástico irá provocar um rompimento, ocasionando ao corpo e a mente grandes probabilidades de adoecerem é preciso criar resistências para melhor reagir ao stress.
Metodologia
A pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, descritivo/exploratório, quantitativo. O método utilizado foi o dedutivo, e o crítico dialético. O universo pesquisado foram professores do Ensino Fundamental de uma escola pública da cidade de São Luís-MA, com uma amostragem de 25 professores. O instrumento utilizado na coleta de dados foi o questionário misto. Os resultados receberam tratamento estatístico/matemático simples e foram interpretados à luz do referencial teórico de Arantes (2002), que aborda o stress numa visão psicanalítica, Benevides (2002) que relaciona o stress e a profissão docente e Delboni (1997) que enfoca o stress no trabalho. Aspectos relevantes do Stress.
Considerando que a evolução histórica da humanidade mostra que o homem sempre esteve se adaptando ao meio ambiente, em processo dinâmico, quando as crescentes exigências do meio ambiente e a competição com os demais o intimavam a responder ao estímulo de modo adequado às situações externas (MASCI, 1998). Na era primitiva, o homem vivia em cavernas, embrenhava-se em florestas, enfrentava animais selvagens, matava homens e feras em brutais lutas para sobreviver.
Percebe-se que o homem primitivo, quando se sentia ameaçado por animais selvagens, por incêndios ou inundações, ele sentia medo e fugia, impelido pelo instinto mais poderoso da natureza – o instinto de conservação; e, quando atacado, ele lutava para destruir seu inimigo.
Segundo Baccaro (1997), o homem já sofria na época passada de tensão nervosa. Essa tensão resultava das sensações que os seres humanos experimentavam, diante de ameaças da natureza, seja: ansiedade frente ao desconhecido, medo dos animais ferozes que enfrentavam para a sobrevivência, busca por locais mais seguros, alimentos para sua subsistência, entre outros perigos e dificuldades.
Na atualidade, as poucas feras que existem encontram-se nos jardins zoológicos ou na Amazônia, África ou em outros lugares distantes. Entretanto, a luta do homem pela sobrevivência, prossegue é claro de outras formas, como: procura de empregos, preocupação econômica, entre outras, nas quais ele precisa lutar para não perdê-los.
A homeostase, ou seja, a importância do equilíbrio interno, foi ressaltada por Clau Bernad em 1879, onde ele afirma que o ambiente interno de um organismo necessita ser mantido em equilíbrio independentemente do que ocorre no ambiente externo (Bernard apud LIPP; MALAGRIS, 1998). Sendo assim, entendemos que tanto o animal quanto o homem primitivo, em presença de um perigo, sempre se dispunha a combater ou fugir, a fim de manter o equilíbrio interno. O organismo, se submetido a estímulos que ameaçam sua homeostase, tende a reagir com um conjunto de respostas específicas, que se desencadeiam independentemente da natureza do estímulo (FRANÇA; RODRIGUES, 1997).
Diante do exposto sobre alguns aspectos históricos do stress, verificamos que este termo possui conotação física ou psíquica, nesse sentido, a pessoa que se considera estressada pode está sobrecarregando uma força ou tensão interna ou externa que lhe poderá causar alterações em nível físico, psicológico e psicossomático.
Para melhor conhecimento do significado do stress buscaremos abordar, em seguida, os principais conceitos sobre o termo em questão. Conceituando Stress.
Lazarus (2000) relataque as primeiras referências sobre a palavra stress surgiu a partir do século XIV, conceituada com o significado de “aflição e adversidade”, mas seu uso era esporádico e não sistemático. Selye em 1926 implementou nesse sentido o conceito de stress na área da saúde para conceituá-lo como um conjunto de reações não específicas que ele havia observado em pacientes com várias patologias. O referido autor em 1974 redefiniu o conceito de stress, como uma resposta não específica do corpo a qualquer exigência. Para ele, o stress é qualquer pressão imposta à pessoa. Essa pressão pode ser de origem física, psicológica ou psicossocial.
Lipp (1996, p 19), afirma:
O termo (stress) foi usado, na área de saúde, pela primeira vez, em 1926 por Hans Selye que notou que muitas pessoas sofriam de várias doenças físicas e reclamavam de alguns sintomas em comum, tais como: falta de apetite, pressão alta, desânimo e fadiga. Tal observação desencadeou extensas pesquisas médicas que culminaram com a definição, na época, de stress como um desgaste geral do organismo.
Já Albrecht (1998) deixa claro que o stress é um conjunto de condições bioquímicas do organismo humano, refletindo a tentativa do corpo de fazer o ajuste às exigências do meio. Lipp; Rocha (1996) afirmam que o termo stress pode ser utilizado em dois sentidos, tanto para definir a nossa reação a tal situação, quanto para descrever uma situação de muita tensão. Fatores geradores de stress.
A sociedade incentiva a ter e possuir, fazendo com que as pessoas sintam–se impulsionadas a ganhar sempre. Entretanto, o medo de perder existe como um fantasma que nos rodeia e com quem sempre precisa-se disputar. Muitos são os fatores geradores de stress. Alguns independem de nós, em outros somos os principais responsáveis. Cita-se em quatro grupos: fatores sociais; fatores familiares e afetivos; fatores organizacionais e fatores pessoais. Temos outros fatores que ocorrem independente da nossa vontade, encontram-se nesse grupo os fatores de ordem política, econômica, financeira, de relacionamento e familiar.
Segundo Lipp (1996, p. 19), “tudo o que cause uma quebra da homeostase interna que exija alguma adaptação pode ser chamado de estressor”. Ele mesmo afirma, que um estressor ”é qualquer evento que amedronte, confunda ou excite a pessoa”. Baseado nesse pressuposto chamamos de estressor qualquer situação geradora de estado emocional forte que tenha como conseqüência uma quebra do equilíbrio interno e que exija alguma adaptação, entretanto, há uma outra forma de classificar eventos estressores como: internos e externos. Conforme o autor supracitado, os estressores externos constituem os eventos que ocorrem na vida do ser humano, sejam eles, morte, acidentes, brigas, situação econômica, nascimento de filhos, entre outros.
São classificados como estressores internos todas as situações que constituem o mundo interno, como por exemplo as consignações do indivíduo, seu modo de ver o mundo, suas crenças, suas características pessoais, seu nível de assertividade, seus valores, seu padrão de comportamento, sua ansiedade e seu modo de reagir à vida.
Na atualidade, há um outro estressor externo que os pesquisadores estão dando mais atenção, cujo o foco está na profissão da pessoa, ou para maior exatidão, o stress ocupacional. Algumas profissões são mais estressantes que outras (LIPP, 2000). De acordo com algumas pesquisas há autores que apontam para várias profissões, aqui destaca-se Reinhold (1984) que aponta para nosso público da pesquisa , os professores.
No que diz respeito ao stress ocupacional Cardoso (2000) sistematizou seis tipos de estressores:
a. fontes de stress intrínsecas ao trabalho: condições físicas do local de trabalho, características das tarefas, excesso de trabalho, ritmo de trabalho e trabalho repetitivo;
b. papel organizacional: ambigüidade e/ou conflito de papéis, responsabilidades atribuídas;
c. relações interpessoais: com colegas, superiores e subordinados;
d. carreira profissional: início de carreira, avaliação de desempenho, progressão na carreira, formação, insegurança e término da carreira;
e. estrutura e clima organizacionais: participação na tomada de decisões, estrutura da organização, ambiente sócio-emocional de trabalho, competição e violência;
f. relação entre o trabalho e o lar: articulação entre responsabilidades profissionais e familiares e compatibilização de carreiras na família.
São inúmeros os fatores que levam o indivíduo ao stress e cada pessoa reage de forma diferente. Existem pessoas que vivem mais estressadas por não saberem lidar com as situações geradas por esses fatores. Na realidade, o stress é provocado por questões superdimensionadas: divórcio, seqüestro, medo de assalto, desemprego ou qualquer outra situação que as deixem tensas e extremamente preocupadas. Também a falta de lazer ou o excesso de qualquer tipo de droga são situações que afetam o indivíduo conduzindo-o a situações de stress. (BACCARO, 1997).
Classificação dos Agentes Estressores
Os agentes estressores são classificados de diversas formas, dessas várias classificações apresenta-se duas nesse estudo, a de Lewis (1988) que diferencia os estressores de acordo com sua significação psicológica e a do Instituto Internacional do Stress que se volta para a natureza ou fonte do agente estressor.
De acordo com Lewis e Lewis (1988) os agentes estressores se classificam em: estressor de ameaça, de performance, de frustração, de tédio, de perda ou luto e estressor físico.
a)estressor de ameaça: são estressores que refletem como resultado de situações observadas ou percebidas como perigosas para o eu físico ou o eu psicológico. Esses estressores podem acarretar em um risco objetivo para o bem-estar tanto físico como psicológico das pessoas. Como exemplo de estressores de ameaça física temos a agressão física, os esportes que também comportam riscos considerados elevados, e a guerra. Como exemplo de estressores de ameaça psicológica temos a auto-estima, quando abalada por situações sociais ou individuais , o conceito de si mesmo, as necessidades de contato, de calor humano, de inclusão e equilíbrio;
b)estressor de performance: é todo estressor inerente à realização de um trabalho seja ele físico ou mental. Inclusos a esta classe estão os estressores inerentes a situações percebidas como respostas ou regras, padrões, portanto as situações de avaliação tais como, os papeis sexuais ou a expectativa em relação a si mesmo e os papéis sociais.
c)estressor de frustração: são as situações consideradas indesejáveis, aquelas sobre as quais não se tem controle , ou seja, as formas de impotência física (doença), social (injustiça) ou pessoal, como também situações que não se espera de pessoas queridas.
d)estressor de tédio: é compreendido por estressores que são resultantes de situações em que ocorre a alta de estímulos físico ou mental, como por exemplo as situações em que o meio físico interpessoal ou social não é suficientemente estimulante, seja nas relações sexuais, seja nas situações de trabalho, no lazer ou no meio.
e)estressor de perda ou luto: como o próprio nome já diz é aquele que se refere ao estressor que resulta da perda de pessoas queridas ou de um objeto estimado, por exemplo (trabalho, formatura, juventude).
f)estressor físico: é o estressor que possibilite qualquer dano físico imediato à pessoa, como: ferimentos, barulho, superalimentação ou medicamentos.
Já o Instituto Internacional do Stress classifica os estressores de acordo com sua natureza ou origem em: estressores em geral, físicos, neuropsiquiátricos, psicossociais e os ligados à ocupação. São eles:
a)estressores em geral: essa primeira classe abrange os traumatismos físicos, como o jejum ou a má nutrição e a super alimentação; são considerados os estressores desencadeadores da reação de alerta do organismo.
b)estressores físicos: o excesso ou a intensidade de exercícios físicos desencadeiam um ataque cardíaco em pessoas com pré disposição, barulho constante de máquinas; o estressor considerado mais violento é a guerra, pelas situações de frio, mosquito, umidade, confusão, perda de companheiro de combate, entre outros.
c)estressores neuropsiquiátricos: estão ligados às condições, acontecimentos que geralmente causem estados de angustia, cólera, ansiedade, medo, tristeza, estado de pânico, depressão ou alucinações;
d)estressores psicossociais: é de ordem psicológica o stress moderno. O ritmo e a taxa de produção são acelerados pela tecnologia, tornando o ritmo de vida cada vez mais rápido.
e)estressores ligados a ocupação: é considerado fonte de stress positivo o trabalho, que é para alguns fonte de esgotamento. Estudos revelam fatores do stress nas áreas de tarefa como: condições e sobrecarga de trabalho. Já na área do meio físico do trabalho temos: iluminação inadequada, espaço restrito, mesas de trabalho, entre outros.
Em seguida abordaremos as fases do stress, com base em Lipp(2000 e 2002) sendo estas muito importante, uma vez que é através das mesmas que se entenderá como se manifesta o stress, pois elas identificam e separam momentos do processo.
Fases do stress
Compõem as fases de stress aquelas que contemplam a fase de alerta, resistência, quase exaustão e exaustão que se caracterizam por um conjunto de sintomas restrito a cada uma delas. Então temos:
Fase de alerta – Éconsiderada a fase positiva do stress. A pessoa quando se confronta inicialmente com um estressor, uma reação é ocasionada e o organismo se prepara para o que Cannom em 1939 designou de “luta ou fuga”, sob a conseqüência da quebra da homeostase. Quando o estressor tem uma duração curta, a adrenalina é eliminada ocorrendo a restauração da homeostase, tirando a pessoa dessa fase e causando o seu bem-estar. Com isso, o organismo recupera-se e nenhum dano maior ocorre. É ai que acontece um aumento na produtividade e, se a pessoa souber administrar o stress, ela pode usá-lo em seu benefício devido a motivação, o entusiasmo e energia que a mesma produz.
Essa fase pode ser caracterizada pela produção e ação da adrenalina, tornando a pessoa mais atenta, mais forte e mais motivada. A reação de alarme ou alerta é tida como a primeira do processo de stress. É caracterizada pelos sintomas a seguir: aumento da freqüência respiratória, dilatação dos brônquios e da pupila, além de contração do baço e aumento do número de linfócitos na corrente sanguínea, tensão muscular, mãos frias e suadas, sensação de nó no estomago e aumento da transpiração.
Fase de resistência– ocorre se a fase de alerta persistir, ou seja, se o estressor perdurar ou se ele for de longa duração e intensidade excessiva, porém não prejudicial ao organismo. A homeostase tenta ser restabelecida por meio de uma ação reparadora do organismo. Quando consegue, os sintomas iniciais desaparecem e a pessoa tem a impressão de melhora. Quando não acontece a produtividade sofre uma queda dramática e a vulnerabilidade da pessoa aumenta. Nesta fase, é utilizada toda a energia adaptativa para se reequilibrar. Entretanto, se essa reserva é suficiente, a pessoa consegue equilibrar-se, saindo do processo de stress. Se o estressor somado ao esforço de adaptação, além da capacidade do indivíduo, o organismo se enfraquece tornando-se vulnerável às doenças.
Fase de quase exaustão– Acontece quando a tenção excede o limite do gerenciável e a resistência física e emocional começa a ser quebrada. Existem, ainda, momentos em que a pessoa consegue pensar lucidamente, tomardecisões, até rir de piadas e trabalhar, porém, é sacrificante o esforço, e esses momentos de funcionamento normal se intercalam com momentos de total desconforto. É uma fase caracterizada por muita ansiedade. As doenças que surgem na fase de resistência tendem a aumentar.
Fase de exaustão– é a fase considerada por diversos autores desta investigação como a mais negativa do stress. É de origem patológica e ocorre quando o estressor persiste ou quando outros estressores ocorrem simultaneamente, e o processo de stress acaba evoluindo, instalando-se a exaustão psicológica, aumentando inclusive as doenças, entre elas as mais graves.
Doenças relacionadas ao stress
De acordo com Lewis e Lewis (1988, p. 3) “[...] a maioria das doenças está na dependência tanto de fatores emocionais quanto físicos. Você é uma unidade mente-corpo. Suas emoções são fenômenos físicos e cada alteração fisiológica tem o seu componente emocional.”
O homem, no decorrer de seu desenvolvimento, constrói e estrutura formas tanto da mente quanto do corpo, de ser e reagir aos mais variados estímulos nos quais ele pode ser submetido, sempre objetivando manter o equilíbrio de seu organismo. Os impactos a que o homem está submetido em seu quotidiano é carregado de tentativas à volta do equilíbrio, fazendo parte de sua vida e as tensões que eles provocam deixam marcas e modificam seu corpo e afetam sua mente.
O termo psicossomático refere-se a relação corpo e mente segundo os estudos de Alexander (1958), Lewis e Lewis (1988), Mello Filho(1992), Cerchiari (2000) e Leal (2001), baseado nesses estudos e nas teorias de Selye e seus seguidores sobre o stress e as doenças somáticas, podemos entender a existência desse grande número de doenças, principalmente aquelas que demonstram o modo e a qualidade de vida do indivíduo, sua maneira de interagir com o mundo.
Segundo Leal (2001), toda doença é psicossomática, visto que fatores emocionais tem poder sobre todo o processo que ocorre no corpo da pessoa. Segundo o mesmo autor os distúrbios emocionais dividem-se em duas categorias: a primeira referindo-se às atitudes emocionais conceituada de luta ou fuga e a segunda referindo-se à retirada da atividade dirigida para o exterior.
A primeira é comandada pelo sistema nervoso simpático e as doenças relacionadas a ele são tidas como respostas ativas incluindo a hipertensão arterial, diabetes, epilepsia, dentre outras - isso ocorre sob a ótica do fisiológico. Já a segunda tem como comandante o sistema nervoso parassimpático, consideradas respostas passivas incluindo asmas, problemas digestivos, dentre outros. (LEAL, 2001).
Na área emocional o stress pode produzir apatia, depressão, desânimo e sensação de desalento, hipersensibilidade emotiva, raiva, ira, irritabilidade e a ansiedade, Malagris (2002). Deste modo, ela se torna uma pessoa tediosa e sem brilho social.
Sintomas do stress
Para obtenção de entendimento sobre essa problemática, destacamos que os sintomas estão relacionados aos fenômenos ou mudanças no organismo. Ressaltamos ainda que um ou mais sintomas poderão ocorrer sem, existir necessariamente a presença de stress. Para que existam sintomas de stress, é necessária a existência de um conjunto de sintomas expostos por fases.
Baseado em Lipp (2002) segue a classificação do stress em nível físico e psicológico:
a. físico: mãos e pés frios, boca seca, nó no estômago, tensão muscular, diarréia (passageira ou freqüente), insônia, hipertensão arterial (súbita,passageira ou continuada), mudança de apetite, problemas com a memória, formigamento das extremidades, sensação de desgaste físico, aparecimento de problemas dermatológicos, cansaço constante,aparecimento de úlcera, dificuldades sexuais , náuseas, tiques, enfarte, mal-estar generalizado, sem causa específica.
b. psicológico: aumento súbito de motivação, entusiasmo súbito, vontade súbita de iniciar novos projetos, sensibilidade emotiva excessiva, pensar/falar constantemente um só assunto, irritabilidade excessiva, diminuição do libido, impossibilidade de trabalhar, pesadelos, sensação de incompetência em todas as áreas, vontade de fugir de tudo, apatia, depressão ou raiva prolongada, irritabilidade sem causa aparente, angustia, ansiedade diária, perda de senso de humor.
É claro que esses sintomas supracitados são identificados no corpo, na psique, no sono e na vida sexual. É importante ressaltar que há outros autores que também seguem a mesma direção de classificação dos sintomas destacados por Lipp (2002), sendo desnecessário a citação.
Segundo esses autores, os sintomas relacionados ao stress aparecem nas pessoas muitas vezes de formas diferentes, isso ocorre pela vulnerabilidade psicológica variável em cada pessoa. Por tudo isso percebe-se que o stress provocará vários sintomas psicológicos e físicos, visto que um organismo estressado está exposto a inúmeras doenças.
Segundo Carvalho e Serafim (1995, p.131),
O corpo sob stress sofre transformações químicas e o sistema nervoso central é responsável por estas transformações, reconhecendo a qualidade de cada mensagem captada e enviada até ele por terminações nervosas. Por meio da sensibilidade do corpo, os centros nervosos são informados sobre as alterações que ocorrem no meio externo e interno. Essas alterações sensitivas atingem a glândula supra-renal, onde ocorre a produção de adrenalina.
De acordo com Molina (1996), o corpo e a mente são sobrecarregados pelo stress, que acabam provocando doenças orgânicas ou incapacidade de trabalhar, falta de percepção da realidade, entre outros. O stress descontrolado na pessoa ocasionará conseqüências graves para saúde emocional e física, frisando que os mesmos sintomas serão sentidos de formas diferentes pelas pessoas.
A formação do professor
Na formação do professor percebemos a necessidade de respostas impostas às exigências de nível social, cultural e político. Na vida do profissional da educação devemos reconhecer que há limitações geradas pelo contexto socioeconômico, sem esquecer também as novas formas de conhecimento, em nível mundial frente aos avanços tecnológicos que afeta de alguma forma sua prática pedagógica.
A formação deve ser estimulada sob uma perspectiva crítico reflexiva, segundo Nóvoa (1995), ele afirma que essa perspectiva forneça aos professores meios para um pensamento autônomo facilitando assim as dinâmicas de autoformação participada. Isso implica à uma construção de identidade. O professor diante dessas situações deve estar atento às transformações.
Segundo, Freire (1992) “A educação como prática de liberdade ao contrário daquela que é a prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto desligado do mundo como uma realidade ausente do homem”.Baseado em Freire (1992), podemos perceber que o professor precisa apresentar inovações capazes de adaptar-se às transformações impostas pela sociedade, necessita ter amplitude de visão da realidade, liderança, criatividade, entre outras, para que ocorra nos alunos a transformação frente à sociedade.
Resultados da pesquisa
A pesquisa evidenciou que:
1)Os principais sintomas de stress no desempenho da prática pedagógica são: a) 48% cansaço físico e mental; b) 32% indisciplina em sala de aula; c) 20% excesso de alunos na sala de aula;
Gráfico 1. Fonte: Elaboração Própria
2) os fatores geradores de stress que mais influenciam na qualidade de vida dos professores são: a) 52 %, pessoais; b) 36%), organizacionais c) (12%) sociais;
Gráfico 2. Fonte: Elaboração Própria
3) o nível de stress apresentado pelos professores foram: a) 60% apresenta o nível alto; b) 24% baixo nível; 16% nenhum nível de stress.
Gráfico 3. Fonte: Elaboração Própria
A qualidade de vida passa a significar um objetivo bastante sério a ser alcançado pelas pessoas que começam a compreender a importância na manutenção da saúde, da produtividade e do potencial criador.
Conclusão
Os resultados atingiram o objetivo geral desta pesquisa que é investigar o Stress como fator influente na qualidade de vida dos professores no Ensino Fundamental e como específicos; observar os principais sintomas de stress no desempenho da prática pedagógica dos professores; A pesquisa mostrou que o principal sintoma de stress é o cansaço físico e mental dos professores e que os fatores geradores de stress que influenciam na qualidade de vida dos professores são os pessoais, assim 60% dos professores apresentam um nível alto de stress no trabalho.
Estudos sobre o stress nos professores intensificou-se a partir das cinco mudanças sociais que impuseram certa pressão aos mesmos, identificada por Esteve (1989), onde ele aponta as condições que originaram o crescimento deste estudo, tais como: a transformação do papel de professor e dos agentes tradicionais de integração; as crescentes contradições no papel desempenhado pelo professor; as atitudes da sociedade em torno do professor. Ele denomina essas mudanças de fatores secundários e de fatores primários àqueles que têm efeitos diretos nas salas de aula, por exemplo, o comportamento dos alunos.Percebemos então, que o stress apresentou-se como um forte elemento de insatisfação dos professores, estritamente relacionados aos problemas de saúde.
Conclui-se com a pesquisa realizada que o stress influencia na qualidade de vida dos professores, uma vez que compromete a qualidade de vida e consequentemente a atuação profissional.
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¹ Pedagoga, Profª do Curso de Pedagogia da Faculdade Santa Fe.
2Pedagoga, Profª do Curso de Pedagogia da Faculdade Santa Fe.
3 Pedagoga, Profª do Curso de Pedagogia da Faculdade Santa Fe.
4 Letróloga, Profª do Curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras.